Bom, irei começar falando do Pôr-do-Som, uma festa iniciada a onze anos atrás em que Daniela Mercury foi pessoalmente (pelo o que eu saiba), a prefeitura de Salvador pedir autorização para que depois da virada no dia primeiro do ano, ao pôr-do-sol, a realização de shows, digamos, dela. A cada ano ela convida algum músico especial, esse ano foi Vander Lee (sou fã), é sempre uma boa novidade.
Enfim, não sou fã dela, mas eu gosto muito, baiano que é baiano, não recusa o som do tambor daquele Axé. Pois bem, sem muita empolgação, eu fui por volta das dezessete horas curtir aquele sonzão baiano estrondoso. Para começar, Daniela demorou muito de entrar. 2Oh, Daniela nada. O público vaiava! Sim, mesmo voluntariamente e opcionalmente indo, sem cobrar entrada e esses negócios, ela foi vaiada. Quando entrou também, arrasou com a boca de todos os "uh's", porque deu um baita banho com um show de coreografia (bailarinos incríveis), sem falar da voz da mulher, não é? Eu, como sempre, sem beber e sem namorar, lá estava, me acabando de dançar! Dançando de tudo. Até que entrou uma dançarina dela, acho que ela estava recebendo um santo, eu lembro que Daniela falou assim: "Vou chamar Orixá", ou seria Oxum? Eu não me lembro, não sei distinguir. Cara, só vendo, quando ela começou a se movimentar no ritmo do santo, vocês conseguem acreditar que o público vaiou? Pois é, dois segundos de vaia! Eu fiquei muito indignada, acho que se eu fosse um monstro daqueles bem grandes, iria ao Farol da Barra pisotear e esmagar todo mundo! Meu Deus, que ódio só de lembrar. Bahiiiiiiia, estamos falando da Bahia, terra de todos os santos! Aí eu me revoltei lá, sei que comecei a dançar igual, abriram uma rodinha lá para mim, eu rodei, joguei os cabelos e tudo, daí uma turista, acho que era paulista (trilhões de turistas), falou baixinho para o povinho dela: "Deus é mais!", daí eu olhei feio para ela e ela calou a boca. Neguinho tá pensando o quê? Ora bolas, vem para a minha Bahia, para um show de Daniela Mercury, ficar no meio da negada (eu), e vem reclamar de não sei o quê? Sai daqui então, uai, eu não sei o que ninguém veio fazer aqui se não gosta da nossa cultura, não é não? E o pior, pegamos um táxi na ida, daí o taxista: "Cuidado com os seus pertences aí na descida, tem um monte de batedor de carteira". Mas, tipo, quando eles falam assim, é mais para os turistas desinformados, sabe? Aí eu o questionei: "Meu amigo, nós somos daqui, viu?" aí ele se espantou: "Ahhh, é? Poxa, parece que vocês são de Minas!" cara, me dá um ódio disso. Tudo bem, a galera que estava comigo era bem branquinha, sem falar no sotaque neutro. Mas o pior, é quando estou só e vem um cara jogar papinho para mim e pergunta: "Mas você não é daqui, não é?" zorra, aí que me sobe o ódio mesmo. Vontade de perguntar: "Painho, tu não tá vendo meu cabelo não, brother? O meu jeito, tudo! Como você me diz que eu pareço de outro lugar?" aí sim me ofende, em plena Bahia, meu velho? Isso sim é fatalidade! Neguinho vem para cá tirar onda e esquece que está na área do Candomblé, não é? E outra, neguinho esquece o biotipo baiano, se é que baiano tem biotipo, porque eu nunca vi tanta diversidade em um só lugar. Mas não devemos esquecer dessa raiz, não é? Minha cara é toda Bahia, não entendo um negócio desses! Enfiiiiiim.. sei que boa parte das pessoas que lêem minhas postagens, não são baianas. Para quem não é, fica o aviso. Se eu for ao Rio de Janeiro e me levarem a um sambódromo, eu irei respeitar a diferença do Carnaval de Salvador para o do Rio. Se eu for a São Paulo e perceber que a seriedade de como eles levam a vida é real, eu irei respeitar. O bom é que eu me adapto a tudo, eu iria amar o Carnaval do Rio, como iria me sair bem no jeito paulista. Mas quem não gosta, se toca, meu brother! Nós temos que respeitar o território dos outros, e aqui na minha Bahia eu não quero conversa. Gostou não, foi? Vai embora então. Falando de Economia, boa parte da nossa fonte de renda é turística, mas nem por isso fulaninho pode vim aqui fazer cara feia. Se não gosta de Acarajé, tá comendo porque então? Tirando os turistas de fora, boa parte gosta, a atividade lucrativa não irá morrer se eu expulsar os metidos a besta. E se morresse também, problema! Que falem mal lá fora, mas vim aqui e falar na minha cara, é isso mesmo. E para os baianos que perderam a noção, eu sou baiana sim e até demais. Por mais que eu não tenha o sotaque e vocês estranhem isso (faço muito exercício vocal por causa dos cursos), olhem para a minha forma de dançar e o meu cabelo, não negam. O meu jeito é todo Bahia! Aos os imbecis que vaiaram o Candomblé, um tchauzinho para vocês! Se você nasceu aqui e vaiou, pegue seus panos de bunda, como diria a minha avó, e vá se embora, isso é falta de orgulho da sua cultura, esses são a vergonha do nosso estado. Se você é de fora e vaiou, meu caro, o que é que você está fazendo aqui? Se mande. Para ressaltar, foi incrível, obrigada Daniela, pela sua iniciativa!
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